sexta-feira, 2 de março de 2012

E por falar em nobreza de caráter...

Os inescrupulosos exibem sua crueldade arrotando arrogância e proclamando-se acima do bem e do mal; com freqüência, sarcasticamente, se regozijam em aviltar a dignidade dos outros. Assemelham-se aos loucos em transe de insensatez, arremetem farpas, venenos e munição tal qual metralhadora giratória. Os outros, o outro, não existem, não existe aos olhos dos inescrupulosos. Os inescrupulosos são invejosos e sua vaidade corrompe seu caráter sorrateiramente, quando se põem em ação, ao escolher seus alvos, ou seu alvo com fúria sádica e desumana. Os inescrupulosos não constroem apenas se empenham em destruir o que não se encaixa em seu medíocre e fútil universo. Os inescrupulosos apenas bradam hostilidade, ou manipulam pobres seres que têm a infelicidade de cruzar seus caminhos e, sem perceber se deixam manobrar por ofertas de migalhas, que certamente, em algum momento, fatalmente serão cobradas, de modo humilhante e escravizante. Os inescrupulosos se arrastam silenciosos, como répteis frios e sórdidos. Os inescrupulosos arregalam seus olhos ao vislumbrarem alguma forma de poder; tornam-se cordeirinhos frente aos seus superiores, lobos frente aos seus subordinados e serpentes prontas a dar o bote nos demais. Aos olhos dos inescrupulosos todos são ameaça, porque os inescrupulosos são covardes. Covardes e imbecis ao não perceberem que, ao agir deste modo, estão andando em círculos. Os inescrupulosos não alçam vôos, nem sequer crescem, principalmente enquanto seres humanos. Na verdade, os inescrupulosos enganam-se a si mesmos ao se imaginarem Deuses e, paradoxalmente, negam até mesmo alguma divindade que possuam quando extirpam qualquer compaixão ou altruísmo que, por ventura, ousem passar por perto de sua carcaça impura. Os inescrupulosos cavam seus buracos e se escondem, recalcados, na sua incapacidade de amar, de compartilhar, de se solidarizar ao se depararem com o outro, ou os outros, em situações que precisem de apenas um pouco de compreensão. Os inescrupulosos não admitem a liberdade dos outros, aliás os inescrupulosos sequer admitem a própria liberdade. Julgam-se no direito de condenar toda e qualquer atitude alheia que fuja de seu script de vida estreito e mal rabiscado. E, condenando os outros, condenam-se a si mesmos ao continuarem amarrados em comportamentos e julgamentos preconceituosos, caluniosos e infames. Os inescrupulosos são vermes ou porcos que exercitam seu assédio moral fuçando na lama, espalhando sujeira e atingindo a todos com sentimentos e manobras fétidos, maquiavelicamente tramados. Os inescrupulosos se alojam em feudos corporativos e bajulam-se entre si. Os inescrupulosos não inspiram confiança, são víboras peçonhentas que semeiam discórdia e subserviência. Os inescrupulosos jamais serão transparentes porque pautam suas escolhas em tramas sórdidas e nebulosas; porque viverão, eternamente, na escuridão por não terem a humildade e a coragem de se revelar; porque não possuem autenticidade ou brilho próprio e sim, arrogância. Os inescrupulosos não têm alma, simplesmente porque se empenharam em mata-la. Alma é, poeticamente, a elevação do espírito e inescrupulosos não se elevam, pelo contrário, insistem em puxar o tapete daqueles que tentam alicerçar e projetar quaisquer sonhos. Os inescrupulosos não sentem qualquer culpa em expor, humilhar ou ridicularizar os outros. Aliás, os inescrupulosos julgam se fortalecer com estas atitudes vis. Quanto mais pisam na dignidade alheia, mais inflam o peito e se condecoram detentores do trono real. Os inescrupulosos não têm amigos, têm cúmplices. Enfim, os inescrupulosos não se convencem de que nada têm. Não têm honra, respeito, admiração, amizade ou amor incondicional. Infelizmente, a única coisa que os inescrupulosos possuem é a companhia de reféns; espíritos fracos e servis, que temem a sua vez de serem abatidos, visto que há muito já foram aprisionados por seus algozes numa ardilosa e medíocre arapuca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário