terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
revolvo-me dentro d’alma
o pensamento fala
apertam-se as redes internas
nelas velas
luzes e estrelas
brilha-me o cérebro
o coração
os olhos
sinto-me inteira
pele
lágrima
sorriso e aura
expresso-me sincera
fixa-se o olhar
revela-se o verbo
concebe-se o toque
aproximo-me do mundo
lendo-o em gestos
linguagem se move
corpos se encontram
idéias se lançam
emaranham-se fala
pele
alma
vida tecida em teias
renascem o desejo
a busca
o eixo
de partida
pra algum lugar
***
por um fio
certo está o assobio
em não precisar de nada
tanto espero, quero e berro
absorta e baratinada
assobio segue solto
sabido como ninguém
desafia ouvido mouco
ligeiro seduz seu bem
certo está o assobio
sem esforço gaba e fala
despreza calor e frio
e eu
fina figura rala
de pé só por um fio
***
anjo negro
ter teu peito
tão perfeito
ter tão perto tão incerto
tanta tolice
em vão
tanto tato
tanto gesto
tanto tempo
tonto teto
faz isso comigo não
sem contato
é dia
pouco importa
nada aprecio
só da luz o talão
a tarde finda torta
no apê sombrio
nem mesmo um cartão
à noite abro a porta
vejo o chão vazio
morta a ilusão
***
corpos suados entrelaçados
hora anulam espaços atados
olhos em lances enfeitiçados
perseguem gestos sincronizados
pele na pele
úmido hálito
farto deleite
doce regato
ares escapam do peito ofegados
cenas se movem por todos os lados
surpresas e gritos
presentes gemidos
débeis sussurros aflitos
ânsia conduzindo o passo
desejo ilumina o ato
calor e fascínio
lua, cor e tino
entre amores indo
os seres meninos
num riso indomado
pele na pele
úmido hálito
bocas tocadas
beijo roubado
arrepio d’alma
invade, sela e cala
revivendo o sonho
sufocando a calma
emoção infinda
viva desde então
num canto vadio
rompendo a razão
música, poesia e guaraná
solidão
de um lado a lâmpada acesa
do outro murchos os balões
na parede sem quadros
o silêncio por todos os lados
sombras pela sala
almofadas sem alma ou cor
mofadas, num canto guardadas
o tapete amacia meus pés
eu me rendo ao seu chão
no centro do teto um ponto preto
um inseto
uma aranha? um besouro?
um bichinho de asa e esperto!
pulou pra sacada
será um vaga-luma?
piscou! de novo!
luz apagada pra ver melhor
a dança da luz
voou bem longe...
nem luz, nem sombras.
meu corpo tocando o veludo
meus olhos cerrados
e o silêncio por todos os lados
***
eu só quero amor de mansinho
eu só quero flor e carinho
sua palavra amena
seu sorriso maroto
sua alegria plena
eu só quero cor e doçura
eu só quero seu mel
sua cura
***
ciúme e mágoa
aperto que rasga a capa do coração
couraça de flandres em frangalhos
estrangula o fôlego no sopro estagnado
escorrem nas veias espinhos de aço
suspiro agoniza no peito apertado
solta-me!
livra-me!
deixa-me!
eu grito
calado...baixinho...sussurro e calmo
que nada! responde,
sou fantasma enjaulado.
invado-te, rôo-te, babo-te
sugo-te
e mato.
último fio
Sinto-me sonolenta e cansada. Pessoas rondando pela sala com ar perdido, em busca de sonhos ou soluções de problemas. Querem agarrar-se no último fio, na cauda da possibilidade de serem ricas e felizes. Pensam numa felicidade não fugidia. A vida é momentânea. A felicidade não é perene como aquele rio de águas límpidas esperadas. Algumas tintas borram o sorriso do nosso rosto. Algumas notas desafinam a cantiga dos nossos sonhos e buscas. Pessoas... pessoas murmurando, segredos, angústias, repressões... Meus ouvidos não distinguem, embora meus sentidos percebam, com nitidez, o reclame de cada voz, das vozes em coro. Eu... envolvida nessas vozes, como a mais perdida partícula do caos.
amenidades em prosa e verso
Estar perto não é estar dentro. Estar perto é estar ao lado, quase dentro. Posso estar perto, bem perto; posso estar ao lado, bem ao lado, ao alcance do toque das mãos; posso estar tão perto a ponto de sentir o odor, o calor, a umidade da respiração; posso até mesmo tocar... e não estar tão perto assim. Se não estou dentro, não estou envolvida. Preciso estar dentro da alma, do peito, do pensamento, do corpo, da pele, do olhar, do centro. Só assim, estar perto, estar ao lado, estar ao alcance do toque das mãos, é estar dentro e presente. É estar vivo.
***
Corre que eu te beijo. Vem que eu te desejo. Pára e fala. Come e cala. Sobe a escada à bala. Saca, eu não te deixo. Doida, perco o eixo. Mas eu não me queixo. Quero só te amar.
***
Parodiando Lígia Brock: “afinal, queres ou não queres descobrir o que guardo na segunda gaveta do meu querer?”.
***
As coisas não caem do céu? Caem sim. Se caem pra os outros por que não cairiam pra mim?
***
Corre que eu te beijo. Vem que eu te desejo. Pára e fala. Come e cala. Sobe a escada à bala. Saca, eu não te deixo. Doida, perco o eixo. Mas eu não me queixo. Quero só te amar.
***
Parodiando Lígia Brock: “afinal, queres ou não queres descobrir o que guardo na segunda gaveta do meu querer?”.
***
As coisas não caem do céu? Caem sim. Se caem pra os outros por que não cairiam pra mim?
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